domingo, 18 de maio de 2025

Carta (que nunca será enviada)

Hoje senti sua falta.

Fui ao shopping com amigos, e de repente, tudo veio à tona. As lembranças, os momentos — mesmo os pequenos — me invadiram como uma onda. Senti um aperto no peito, uma vontade de chorar que não consegui explicar para ninguém. Senti ciúme, saudade, e uma confusão dentro de mim que só você, talvez, entenderia.

Eu sei que vivi uma relação tóxica. Eu sei que a maior parte do que vivemos me fez mal. Mas hoje, meu coração não quis lembrar disso. Ele lembrou dos poucos momentos bons, dos risos, das conversas, das promessas — mesmo as que não foram cumpridas.

É difícil admitir isso, porque eu estou tentando seguir em frente. Estou tentando ser racional, entender que mereço mais, que preciso me cuidar, que a saudade não é motivo pra voltar atrás. Mas ainda assim, eu sinto.

Sinto falta do que eu imaginei que a gente poderia ser. Sinto falta da companhia, mesmo quando ela me fazia mal. E sinto falta de mim — da versão que acreditava que poderia ser amada ali, mesmo quebrada.

Eu sinto falta do seu cheiro, do seu toque, do seu corpo colado no meu. Sinto falta da forma como você me olhava, como me desejava. Às vezes, meu corpo inteiro lembra de você antes mesmo da minha mente permitir.

E, mesmo assim, eu não entendo.
Não entendo por que você me traiu.
Não entendo como alguém que me conhecia tão profundamente — que via meu riso, minha entrega, minha dor — escolheu me machucar daquela forma.

Eu te amei.
E ainda te amo, de um jeito estranho, como se esse amor tivesse ficado preso no tempo.
Mas já não gosto de você.
O gostar morreu aos poucos, consumido por mentiras, por gestos que não combinavam com aquilo que eu acreditava que a gente era.

É confuso amar e não gostar.
É doloroso sentir saudade e saber que voltar seria se ferir de novo.

Eu sigo tentando me reconstruir.
Sigo tentando me lembrar de que o amor que mais preciso agora é o que dou a mim mesmo.

Talvez eu nunca entenda completamente tudo que aconteceu entre a gente.
Talvez esse amor, do jeito que ficou, nunca vá embora por completo.
Mas eu escolho não viver naquilo que me feriu.

Eu escolho seguir em frente.
Mesmo com saudade.
Mesmo com o coração apertado.
Porque mereço um amor que não me confunda, que não me traia, que não me apague.

E um dia, quando isso tudo doer menos, quero lembrar de você não como alguém que me quebrou, mas como alguém que me ensinou a nunca mais aceitar menos do que eu mereço.